quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Cine: “Falta união dos artistas na cena pop rock do Brasil”


Prestes a lançar um EP especial de verão e escalada para tocar nos Estados Unidos, banda paulista reflete sobre o sumiço do pop-rock das paradas de sucesso do país













"Não vamos ficar dando sermão nos fãs que baixarem nossa música ilegalmente", diz Dave (ao centro)

Boas novidades para quem é fã da banda Cine . Depois de quase dois anos sem lançar material inédito, o grupo paulista promete para janeiro de 2013 o lançamento de seu próximo EP, “Verano” . “Vão ser cinco músicas inéditas, que remetem a festas, diversão e à energia do verão”, diz o bateristaDave Casali em entrevista ao iG .
Dois meses depois, Dave e seus companheiros DH (vocal), Bruno (baixo), Dan (guitarra) e Pedro Dash (bateria) terão que arrumar as malas e preparar os passaportes. Selecionado para tocar em um dos maiores festivais de música do mundo, o South by Southwest , nos Estados Unidos, o grupo não esconde a excitação: “Nunca fomos até os EUA, então queremos tocar muito, nos divertir muito e mostrar o nosso som para outros públicos e outros povos”, explica o baterista.

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Para 2013, o Cine planeja lançar pelo menos dois EPs só com músicas inéditas!

Parece muita coisa, mas vêm mais por aí. “Quando a gente voltar dos EUA, é bem provável ainda que lancemos um EP ou um disco completo de inéditas. Tem muita coisa boa vindo pela frente”, avisa Dave. 
Na conversa a seguir, o baterista fala mais sobre “Verano”, as expectativas da banda para 2013 e a crise do pop-rock brasileiro. “Acho que falta união dos artistas da nossa cena. Além disso, a rivalidade criada pelos nossos fãs e os fãs de outras bandas ajudam a criar um mal-estar generalizado”, avalia.
iG: Vocês foram selecionados para tocar em um festival no Texas, o South by Southwest (SXSW). Como estão as expectativas da banda? 
Dave Casali:
 Nós fizemos a inscrição sem muita pretensão, e de repente a produção do festival respondeu dizendo que gostou do nosso material e nos convidaram para tocar lá. Estamos muito ansiosos, sempre sonhamos em sair do país e mostrar nosso show para outros povos, outros públicos e, por que não, em outras línguas? Estamos pensando em fazer alguns refrões em inglês, mas sem deixar o português de lado, principalmente porque há no Texas um público latino muito forte.
iG: Vocês vão tocar só no Texas ou vão tentar fazer uma turnê pelos Estados Unidos?
Dave Casali: Vamos ver se conseguimos fazer uma miniturnê por lá. A ideia até agora é ir até Los Angeles , e fazer entre oito e quinze shows antes do festival, correndo o país de ônibus, e fechar a turnê com chave de ouro no Texas. Não sabemos ainda quanto tempo e quantas vezes vamos tocar por lá, e queremos aproveitar muito.
iG: Além da turnê pelos EUA, vocês têm falado bastante no Twitter sobre um novo trabalho, chamado “Verano”. O que é isso, afinal?
Dave Casali: É um EP que a gente pretende lançar nas próximas semanas, com cinco faixas inéditas e que remetem a festas, verão, para a galera escutar numa vibe diferente. A ideia é tentar lançar ainda em dezembro, mas é bem provável que o EP saia só no começo de janeiro.
iG: No que as músicas desse trabalho vão ser diferentes do que vocês fizeram no “Boombox Arcade”?
Dave Casali: A principal característica do “Boombox Arcade” é que ele tinha uma pegada eletrônica muito agressiva. O “Verano”, por sua vez, já vai ser um disco mais light, mais leve: a eletrônica some um pouco e dá lugar a alguns arranjos de metais, por exemplo. É um disco mais limpo e mais “pra cima”.

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"É importante usar a internet, especialmente no momento que a cena pop rock no Brasil está em baixa", avalia Dave

iG: As letras também vão refletir essa ideia do verão?
Dave Casali: As letras continuam falando das mesmas coisas que a gente sempre gostou de falar: mulheres, festas e aventuras. Mas acho que agora a gente fala com uma linguagem mais madura e que vai se aproximar mais de um público mais velho. Faz parte, porque nós mesmos estamos crescendo.
iG: Vocês vivem mobilizando os fãs pelas redes sociais para ir aos shows e votar em vocês em premiações. É esse um dos segredos do sucesso da Cine?
Dave Casali: Acho que sim. Sempre tivemos muita força no Twitter. No começo da banda, usávamos muito a internet para fazer a galera pedir clipes, votar na gente, mas chegou um momento que a galera reclamava que a gente só usava o Twitter para isso. Paramos um pouco com essa política, e agora eles cobram a gente para avisar dos shows, fazer vídeos especiais só para o Twitter. É importante usar a internet, especialmente no momento que a cena pop-rock no Brasil está um pouco em baixa. Precisamos correr atrás do que é nosso.
iG: O pop-rock brasileiro hoje vive uma crise? E por quê?
Dave Casali: Com certeza. O público que ouvia a gente há dois anos, hoje vai aos shows dos artistas sertanejos. Foi uma migração muito rápida, e o sertanejo hoje é muito forte, especialmente porque os artistas são amigos e se ajudam muito. Falta essa união no pop-rock brasileiro. A maioria das bandas ficam com medo de perder seu espaço para as outras. Não é assim! Tem espaço para todo mundo, para fazer festivais enormes, para juntar muita gente.
iG: É só culpa dos artistas, então?
Dave Casali: Não só. A maior parte dessas rivalidades acaba vindo mais dos fãs que das bandas. Os fãs costumam colocar os artistas uns contra os outros, gerando um mal-estar generalizado. Os fãs da Cine brigam com os fãs de outras bandas, e vice-versa, e isso enfraquece a cena. O que todo mundo precisa entender é: se você gostar da Restart, você não vai gostar menos da Cine, por exemplo. Você não vai trair ninguém se for no show de outro artista. Ficamos muito felizes com a fidelidade dos fãs, mas achamos que eles podem gostar muito do Cine e também podem gostar muito de outras bandas.


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